Trabalho de revitalização do Rio Doce inicia após três anos do rompimento

Publicado em: 15/11/2018

Engenheiro Davi Soares, advogado Domingos Araújo com os integrantes das comissões Antônio Carolis da Silva e Sebastião Oliveira

Integrantes das Comissões de Atingidos de Santa Cruz do Escalvado/Chopotó e de Rio Doce, respectivamente, Antônio Carlos da Silva e Sebastião Silvio de Oliveira (Tininho), participaram do 1º Fórum de Educação para Revitalização da Bacia do Rio Doce, realizado pela Fundação Renova, em Ipatinga. Acompanharam os membros das Comissões, o advogado Domingos de Araújo Lima Neto e o engenheiro agrônomo Davi Soares de Freitas.

Durante o encontro, a equipe participou da abertura do Fórum e da plenária. Antônio Carlos expôs a situação do território. “Depois de 3 anos, a Fundação Renova vem trazer o programa de revitalização do Rio Doce, o maior depósito de rejeitos do Brasil. Depois de 3 anos, a bacia não tem representação da maioria das cidades. Em Mariana as coisas avançaram. E a injustiça com o restante? E os que não sabem de seus direitos? Não conhecem a governança? Não sabem o que fazer, estão perdidos, não sabem seus direitos?", indagou.  

"Sou presidente de uma cooperativa na região de Candonga. Ali, uma barragem foi construída pela Vale e prestávamos serviço para eles, tínhamos um contrato de prestação de serviços, isso nunca foi pago pela Fundação Renova. Produtores da minha cidade estão falidos. Precisamos nos organizar. As pessoas precisam dizer o que precisam, o que sentem, o que pensam. Não é a Fundação Renova que vai dizer, estão nos enganando, estão cometendo um crime maior que o desastre. O que vão fazer com os poluentes que estão no Rio? Essas explicações que estão aqui deveriam ter vindo antes", completou.

Felipe Moura, líder da área de Educação e Cultura da Fundação Renova, respondeu aos questionamentos do Antônio Carlos. “Sobre o funcionamento da Fundação Renova, a governança inclui governos municipais e estaduais, que participam das Câmaras Técnicas, que acolhem as propostas, avaliam e aprovam. As diversas vozes podem ser incorporadas e até alterarem os programas", disse.  

"A fala do Antônio é fundamental. Se o trabalho não está adequado, precisamos ouvir e ter um trabalho adequado. Precisamos reparar os danos causados aos diversos atores, pescador, produtor, enfim todos, e ao mesmo tempo construir uma cultura de escuta e respeito. Sobre a participação, se há entendimentos diferentes por parte dos atingidos devem ser apresentados ao CIF, que vai discutir e definir o que a Fundação Renova vai cumprir”, complementou.

No local, também houve exposição de trabalhos realizados por instituições e pessoas que atuam em prol da educação e da revitalização de rios.  Juliana Andrade, analista do Programa de Educação para Revitalização da Bacia do Rio Doce, da Fundação Renova, apresentou a proposta da Feira de Comunidades de Práticas, que tem o intuito de identificar objetivos e buscar o compartilhamento das experiências, reflexão e engajamento.

Os 144 participantes foram divididos em grupos com os seguintes temas: Formação de Educadores e Escolas Experimentais para Revitalização da Bacia do Rio Doce (comunidade escolar); Formação de Lideranças Jovens (juventudes locais); e Fortalecimento de Redes e de Políticas Públicas para Revitalização da Bacia do Rio Doce (gestores públicos, lideranças comunitárias e instituições educadoras). A equipe de Santa Cruz do Escalvado/ Chopotó e Rio Doce participou do grupo que debateu o último tema.

Eles também assistiram à apresentação do Painel “Os desafios da implementação do Programa de Educação para Revitalização da Bacia do Rio Doce nos territórios das águas”, composto por representantes dos Comitês de Bacia e dos Atingidos.

Houve ainda um momento de reflexão, com o painel “A história da ocupação do Rio Doce - Construindo a Paisagem”, com o Professor Haruf Salmem Espíndola; depoimentos de representantes de comunidades indígenas Krenak; e apresentações dos grupos de trabalho.

Participaram do Fórum representantes dos Comitês de Bacia do Rio Doce, representantes das comunidades e prefeituras atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão, instituições com experiências em educação e revitalização de bacias hidrográficas, membros da Câmara Técnica de Educação, Cultura, Turismo e Lazer, representantes de universidades e funcionários da Fundação Renova.


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