Publicado em: 13/08/2021
Uma proposta específica para conservação do Sagui-da-serra-escuro – Callithrix aurita - em remanescentes florestais nos municípios de Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Ponte Nova, será encaminhada pela Câmara Técnica de Conservação e Biodiversidade (CT-Bio) à Fundação Renova, com prazo de 45 dias, para que sejam apresentadas tratativas de conservação da espécie na região. O objetivo é a inclusão desta demanda, apresentada pela comunidade atingida, no Plano de Ação para Conservação da Biodiversidade Terrestre (PABT) que é desenvolvido na Bacia do rio Doce pela Fundação Renova e tem esta espécie ameaçada como alvo de trabalho.
O Sagui-da-serra-escuro é nativo da Mata Atlântica, encontra-se entre os 25 primatas mais ameaçados de extinção do mundo, uma espécie rara, considerada praticamente extinta em sua forma pura, que foi reencontrada depois de mais de 20 anos pela comunidade científica através de um trabalho protagonizado pela Comissão dos Atingidos do Território.
O início deste trabalho partiu de uma apresentação na CT-Bio, em dezembro de 2020, realizada pelo Centro Rosa Fortini (Assessoria Técnica dos Atingidos), com apoio dos pesquisadores do Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra – CCSS da Universidade Federal de Viçosa. Em julho deste ano, o Grupo de Assessoramento Técnico da CT-Bio aprovou a necessidade de monitoramento da espécie Callithrix aurita através de ações de mapeamento de ocorrência regional, obtenção de dados demográficos, genéticos e ações de manejo ex situ (centros de conversações) e in situ (locais de incidência natural), nos municípios de Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Ponte Nova, considerando a aderência ao PABT. “A ideia é criar um programa que atenda a demanda local e seguir as tratativas com a equipe de pesquisadores da UFV”, ponderou uma representante da Fundação Renova.
Reforçando os propósitos do Território, no último dia 09, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Melhoria do Meio Ambiente de Rio Doce (Codema- Rio Doce) encaminhou um ofício à CT-Bio pautando a necessidade de construção de estratégias que assegurem a implementação de ações para conservação do Sagui-da-serra-escuro, solicitando análise de viabilidade para o desenvolvimento de um projeto de Pagamento dos Serviços Ambientais (PSA) no Território com critérios que contemplem também ações de conservação da fauna.
Plano de Ação para Conservação da Biodiversidade Terrestre - PABT
O PABT tem como objetivo a recuperação e conservação da biodiversidade terrestre da Bacia do rio Doce, sendo estruturado por ações de cunho reparatório e compensatório para toda área potencialmente afetada pelo rompimento da barragem de Fundão. Ele prevê ações em uma área de abrangência de 5 Km de cada margem do rio, com duração de 10 anos.
Pagamento por Serviços Ambientais -PSA
O PSA, previsto no Código Florestal Brasileiro, remunera produtores rurais que preservam o ecossistema de suas propriedades, restaurando nascentes e outras Áreas de Preservação Permanente (APPs) localizadas nas suas propriedades. Garantindo desta forma a conservação dos ecossistemas, dos recursos hídricos, do solo, da biodiversidade, do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado.
“Até 2020, o Programa de PSA era voltado ao público compensatório da Fundação Renova, mas a partir deste ano está sendo ampliado também para o reparatório, ou seja, para aqueles que estão nas áreas à montante da usina Risoleta Neves, entre Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado (MG)” (MEIRELES, Tais; 2021. Programa de PSA traz esperança para a bacia do Rio Doce, 15.jun.2021. WWF-Brasil. Disponível em: