Municípios atingidos pelo rejeito da Samarco discutem problemas na Saúde

Publicado em: 16/08/2019

Profissionais da Saúde de sete municípios da região, atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, participaram do Seminário de Mobilização para Elaboração dos Planos de Ação em Saúde, dia 9 de agosto, no auditório do Sindicato dos Produtores Rurais de Ponte Nova. Os fluxos de validação dos Planos de Ação envolvem as secretarias municipais de Saúde (órgãos responsáveis pela elaboração do documento) e contribuição dos Conselhos Municipais de Saúde, Comissão de Atingidos e Assessorias Técnicas Independentes. 
 
Abrindo os trabalhos, o coordenador da Câmara Técnica de Saúde (CT Saúde), Kleber Rangel Silva, explicou como a CT foi criada, sua composição e organização (Grupos Técnicos Regionais e Grupos de Trabalho Temático). Ele também fez uma breve apresentação do Programa de Saúde (PG 14).
 
Segundo Kléber, o PG 14 não possui escopo e indicadores definidos, os Planos de Ação irão servir como indicadores dos municípios atingidos. O PG 14 atua nas seguintes frentes de trabalho: 1- Estudos Clínicos: Epidemiológicos e Toxicológicos; 2- Estudo de Avaliação de Risco à Saúde Humana (ARSH); e 3- Apoio e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
 
O Programa de Monitoramento da Qualidade da Água para Consumo Humano (PMQACH) não integra o Programa da Saúde (PG 14), mas é acompanhado pela CT Saúde. O PMQACH é destinado aos municípios que captam água no rio Doce ou em seus afluentes, e aos municípios que recebem água por meio de soluções alternativas devido à inviabilidade de operação do sistema de abastecimento público. Este programa prevê a elaboração de um plano de amostragem de 10 anos, com definição dos sistemas de abastecimento e locais de monitoramento da qualidade da água para consumo humano.
 
O Estudo de Avaliação de Risco à Saúde Humana (ARSH), realizado pela Ambios Laboratório Ambiental, é financiado pela Fundação Renova e acompanhado pela CT Saúde. O objetivo deste estudo é a identificação das rotas de exposição a contaminantes químicos. A primeira das três fases foi realizada em Mariana, Barra Longa e Linhares. 
 
Kléber ressaltou que os principais desafios enfrentados pela CT Saúde referem-se à responsabilização das ações da Fundação Renova e suas mantenedoras, de acordo com os princípios constitucionais do direito à Saúde. Outro desafio relatado pelo Coordenador é a inter-relação da CT Saúde com outras Câmaras Técnicas, já que existem ações intersetoriais para implementação do PG 14. E por fim, citou o desafio de mobilização dos Conselhos de Saúde dos municípios.
 
Profissionais da Saúde de Ponte Nova relataram que a Fundação Renova tem realizado reuniões no Município com determinados grupos e que eles, como integrantes da GT Regional, não são informados. Após estes questionamentos, Rodrigo Leite, membro da CT Saúde e secretário municipal de Saúde de Rio Doce, disse aos participantes que a Fundação Renova tem procurado as Secretarias Municipais de Saúde para agendar reuniões e negociar diretamente com os representantes locais, sem o conhecimento da CT Saúde. Profissionais de Rede Pública de São Pedro dos Ferros confirmaram a informação e relataram que a Fundação Renova agendou reunião com o intuito de convencê-los de que o município não foi atingido, mesmo sendo informados que a população utiliza o rio Doce como fonte de lazer e subsistência.
 
No período da tarde, em grupos, os participantes discutiram os principais problemas de Saúde enfrentados pela população atingida: aumento da demanda de atendimentos hospitalares, de problemas respiratórios e dermatológicos, casos de Saúde Mental, diarreia, febre maculosa, dengue, partos prematuros, uso de medicamentos, e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Após a priorização destes problemas, os profissionais construíram uma matriz que servirá de base para o plano de ação e fizeram uma análise crítica dos problemas identificados. 
 
No mesmo dia, ocorreu a reunião do Grupo Técnico Regional de Ponte Nova (GT Regional). Representaram a Comissão de Atingidos de Santa Cruz do Escalvado/Chopotó (Ponte Nova), Bárbara Aparecida de Almeida Sá e João Bosco Teles Barcelos; a Comissão de Rio Doce, Antônio Áureo do Carmo e Vinicio da Cruz Santos; o município de Rio Doce, Rodrigo Leite; o município de Santa Cruz do Escalvado, Darlene Dias Bitencourt; o município de Ponte Nova, Celeste Maria Natali e Fabiana Aparecida Amorim; o Centro Alternativo de Formação Popular Rosa Fortini, Acácia Cruz Santos (assistente social) e Thaliana Piovezana Lizardo (psicóloga). Também estavam presentes representantes da Saúde dos municípios de Rio Casca, Sem Peixe, São Pedro dos Ferros e Barra Longa.
 
 
Integrantes das Comissões de Atingidos do Território e assessores técnicos durante Seminário
 

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