Estudos do rejeito são inconsistentes até o momento

Publicado em: 14/06/2019

Membros das Comissões de Atingidos de Santa Cruz do Escalvado/Chopotó e de Rio Doce, e assessores técnicos do Centro Rosa Fortini, reuniram-se no dia 12 de junho, com integrantes da Ramboll. Os profissionais da Ramboll assessoram o Ministério Público através de avaliações de todos os 42 programas do TTAC. 
 
Iniciando a reunião, representantes da Ramboll apresentaram estudos sobre o manejo de rejeito na Fazenda Floresta e resultados dos mesmos. O primeiro o estudo, abrangendo todos os trechos, foi realizado em 2016 pela Samarco e concluí que o rejeito não é perigoso. O segundo estudo foi realizado pela Lactec em 2018, no trecho 8 (barragem de Fundão), que consta nas análises químicas do rejeito, de acordo com a NBR 10004 - Norma que classifica os resíduos sólidos, elementos e substâncias potencialmente tóxicos. 
 
Contudo, os atingidos disseram à Ramboll que discordam dos estudos e questionaram a metodologia utilizada, já que apresentam informações inconsistentes. Eles ressaltaram que outros estudos apontam contaminação na água (não pode ser ingerida) e que o rejeito prejudica muito o Território. Eles não admitem a ideia de ter que conviver a resto de suas vidas com o rejeito no Rio, pois há uma ligação muito forte entre o Rio e as comunidades. A presença do rejeito impossibilita a continuidade de muitas atividades no Território, além do grande impacto para o ecossistema.
 
Neste sentido, Alejandra Devecchi (urbanista), assessora da Ramboll, explicou que os atingidos precisam avaliar os conhecimentos que estão sendo produzidos e a partir daí se posicionarem. “O que vamos propor daqui pra frente? Podemos propor para a Fundação Renova como utilizar melhor os recursos. É um momento de repensar o processo de reparação dos rios. Construir a revisão dos programas. Para isto, o conhecimento técnico não é o suficiente, também precisamos do conhecimento proveniente da vivência dos atingidos. Assim iremos construir um conhecimento conjunto”, disse. 
 
Também houve discussões sobre a segurança da barragem da UHE Risoleta Neves (Candonga), a dragagem, o uso da Fazenda Floresta para depósito de rejeito, e a falta de licenciamento ambiental. De acordo com os profissionais da Ramboll, a Fundação Renova já gastou com obras de manejo de rejeito R$ 2 bilhões, sendo grande parte destes serviços executados no trecho 12 (Reservatório da UHE Risoleta Neves e Fazenda Floresta).
 
Os atingidos querem que a Fundação Renova retire todo o rejeito da calha do Rio e que acelere todo o processo, principalmente de Auxílio Financeiro Emergencial e Indenizações. Sem condições de usufruir das riquezas do Rio, a situação dos atingidos do Território se agrava a cada dia. 
 
Finalizando os trabalhos, os atingidos e assessoria técnica solicitaram outras reuniões com os profissionais da Ramboll responsáveis pelo acompanhamento dos programas socioambientais e assistenciais do portifólio da Renova. Outros profissionais da Ramboll presentes à reunião: Alderico Marchi (engenheiro de minas), Guilherme Nascimento (geólogo) e Thiago Corrêa (engenheiro civil).
 
NBR 10004 - Esta Norma classifica os resíduos sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequada.  
 
O rejeito é um tipo específico de resíduo sólido – quando todas as possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem já tiverem sido esgotadas e não houver solução final para o item ou parte dele, trata-se de um rejeito, e as únicas destinações plausíveis são encaminhá-lo para um aterro sanitário licenciado.
 
 
 
 

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