Recuperação ambiental: seminário em Rio Doce debate retirada de rejeitos do Lago de Candonga


Quase dez anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), as comunidades atingidas pelo crime seguem mobilizadas para garantir que a reparação ambiental e social seja efetiva. Como parte desse processo, será realizado no dia 25 de setembro de 2025, no clube multiuso de Rio Doce, o Seminário Recuperação Ambiental do Rio Doce, com foco na retirada dos rejeitos do Lago de Candonga e nas perspectivas de retomada da vida na região.

O encontro, organizado pela Assessoria Técnica Independente (ATI) Rosa Fortini, reunirá moradores de Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e da comunidade de Chopotó (Ponte Nova), além de representantes do poder público, órgãos ambientais, Ministério Público, Defensorias e entidades ligadas à reparação.

Contexto e importância

O rompimento da barragem liberou mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, que devastaram comunidades, contaminaram o Rio Doce e deixaram marcas profundas no meio ambiente e no cotidiano das populações ribeirinhas.

A Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, mas conhecida como Lago de Candonga, ainda acumula grande quantidade de rejeitos, transformando o local em uma barreira natural que reteve parte significativa do material. Essa situação provocou assoreamento, comprometeu a fauna e flora aquática e afetou diretamente as comunidades vizinhas, que viram suas atividades sociais, culturais e econômicas impactadas.

O seminário vem como um espaço de diálogo e construção de estratégias coletivas, para que a população atingida tenha voz ativa para decidir sobre o futuro do lago e do território. A iniciativa também marca o início de um ciclo de debates, oficinas e reuniões comunitárias que acontecerão nos próximos meses, tendo como referência a Convenção 169 da OIT, que garante o direito de consulta e participação das comunidades tradicionais.

O que será discutido

Entre os principais pontos em pauta, estarão:
– Balanço das ações já realizadas em relação à dragagem dos rejeitos e sua destinação, a ser apresentado pelos órgãos ambientais do Estado.
– Apresentação do Plano de Recuperação Ambiental (PRA), a ser apresentado pela Samarco.
– Desafios técnicos, jurídicos e sociais da retirada de rejeitos, a ser apresentado pelo Ibama.


Expectativas

O evento busca não apenas repassar informações técnicas, mas garantir que as comunidades possam compreender, avaliar e participar ativamente das decisões que definirão o futuro do Lago de Candonga e da bacia do Rio Doce.

O coordenador metodológico do Centro Rosa FOrtini, Aloísio Lopes, informou que a realização desse seminário atende uma solicitação das comissões de atingidos e atingidas e junta esforços com os Ministérios Públicos, os órgãos ambientais do Estado e também o IBAMA. “Vai ser muito importante para nós esclarecer o plano que se pretende executar e que está previsto no acordo de repactuação. Nós pensamos que essa discussão começa agora, mas ela vai continuar nos próximos anos e por isso nós temos que nos preparar nesse e em outros seminários para que a assessoria técnica possa levar essas informações para as comunidades e ouvir as comunidades para que os anseios, os direitos delas sejam respeitados e elas consigam influenciar nas decisões que serão tomadas. Daqui para frente em relação à realidade ambiental”, concluiu.

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