Na manhã da última quinta-feira (12), o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva e a comitiva do governo federal estiveram em Mariana (MG) para a cerimônia de apresentação do Acordo de Repactuação do Rio Doce. O ano de 2025 marca uma década do maior desastre socioambiental do país: o rompimento da barragem de Fundão, que atingiu toda a bacia do Rio Doce, de Mariana ao litoral capixaba.
Um grupo de pessoas atingidas do território de Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Chopotó, participou o encontro junto com a equipe da Assessoria Técnica Independente (ATI) Centro Rosa Fortini com o objetivo de acompanhar os anúncios e reivindicar seus direitos.
Durante o evento, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, detalhou os repasses previstos no novo acordo, que totalizam R$170 bilhões, dos quais 100 bilhões em recursos novos. Os recursos serão direcionados para áreas como saúde, meio ambiente, infraestrutura, indenizações, assessorias técnicas e outros investimentos.

Lula diz que governo agora é responsável pela reparação
Durante seu discurso, o presidente Lula afirmou que o governo federal assumiu para si a responsabilidade de executar as ações do acordo: “Nós fizemos um acordo e trouxemos a responsabilidade de fazer as coisas acontecerem para as costas do governo. Portanto, agora, nós não temos mais desculpa”, disse Lula.
O presidente também destacou o compromisso com os atingidos: “Agora, quando o povo de Mariana quiser xingar ‘A Vale é isso, mas o Governo também é aquilo’, porque a gente precisa ter consciência que nós assumimos a responsabilidade com vocês e quando a gente está sob compromisso, a gente cumpre”.
Vozes reunidas
Pessoas atingidas de diversas regiões da Bacia do Rio Doce marcaram presença no evento, reforçando a força coletiva do território. Representantes de outras Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) também estiveram presentes, como a Cáritas Itabira, Cáritas Governador Valadares, Aedas e CAT, ampliando o diálogo e a articulação entre as equipes que atuam na região.

Mauro Marcos da Silva, da comunidade de Paracatu, que foi destruída pela lama em Mariana representou todos os atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão. Em um discurso firme, reforçou que a luta por justiça continua e lembrou de todas as pessoas diretamente atingidas que ainda aguardam uma reparação justa.
“Lembro das palavras do meu pai: ‘eu posso morrer sem ser reparado, mas não aceito menos que o justo’. Eu trago aqui, vestido com o blazer do meu pai, que infelizmente faleceu no dia 27 de maio, aos 91 anos, aguardando a justa reparação. A casa do meu pai no novo reassentamento de Bento Rodrigues encontra-se em fase final de acabamento e ele não teve o prazer de adentra-la, assim como não teve o prazer de receber a indenização justa por todas as suas perdas”, disse, recebendo a atenção do presidente. “Não nos recrimine por talvez não aceitar os R$35 mil que serão pagos aos atingidos diretos, assim como os 600 comerciantes de Mariana, assim como o município de Mariana que não aderiu ao cordo. Não nos recrimine. Mas iremos continuar buscando que a ética e a justiça sejam em Mariana, Belo Horizonte, Brasília, Londres, Holanda, Austrália ou onde quer que elas estejam”, frisou.
A cerimônia completa está disponível no canal do YouTube do Governo Federal. Assista abaixo: