O novo Programa de Fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do Rio Doce, lançado no dia 12 em Governador Valadares (MG), chega cercado de desconfiança, mas também de esperança. Para quem ainda convive com as marcas do rompimento da barragem de Fundão, em 2015, a expectativa é de que a  iniciativa traga, enfim, melhorias concretas para a assistência social da região.

Acompanhamento às famílias atingidas

Maria da Penha Rocha, pescadora e presidente da Associação de Pescadoras de Santa Cruz do Escalvado, destacou a importância do programa como uma chance de recomeço para as famílias atingidas. Para ela, é fundamental que as ações sejam concretas.  “Primeiramente a gente espera que realmente aconteça. E que seja um acompanhamento individual por família”, pontua.

Penha enfatiza a urgência de olhar para quem vive longe da sede do município. “A mudança que eu gostaria é que as comunidades rurais fossem atendidas, porque todos os programas que têm geralmente ficam lá no núcleo, na sede do município de Santa Cruz. As rotas da comunidade rural raramente são atendidas, muito poucos são atendidos, nosso município é 78% rural”, disse.

Mais informação 

Para Guilherme Silva, morador de Santana do Deserto e integrante da Comissão de Atingidos(as) de Rio Doce, o sucesso do programa depende da forma como as informações chegam às comunidades.

“Acredito que o programa pode trazer um bom trabalho de assistência social para a nossa região, desde que seja bem explicado para toda a população e chegue a cada família. Espero que continue o trabalho positivo que já vem sendo feito há algum tempo”, declarou.

Qualidade vida

Já para Antônio Carlos da Silva, representante da Associação de Atingidos da Bacia do Rio Doce e morador de Santa Cruz do Escalvado, o Programa não pode se limitar ao atendimento das famílias já cadastradas em políticas como o Bolsa Família, que segundo ele, contam com verbas específicas. 

Ele defende que os recursos sejam voltados para quem sofreu diretamente os danos do rompimento da barragem e convive há anos com incertezas sobre o futuro. “Eu entendo que esse valor tem de ser investido para qualidade de vida, uma assistência social, uma assistência a essas famílias que estão vulneráveis há dez anos”, reforçou.

O que é o  Programa de Fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social do Rio Doce?

O Programa de Fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social no Rio Doce (ProFort-SUAS) é uma iniciativa do Governo Federal, coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). O objetivo é apoiar os municípios que ainda sofrem os impactos do rompimento da Barragem de Fundão. Na prática, o programa vai destinar R$ 640 milhões ao longo de 20 anos para fortalecer a rede de assistência social em 49 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo que integram a bacia do Rio Doce. Os recursos serão aplicados na qualificação dos serviços e benefícios do SUAS, na intensificação da busca ativa, na capacitação das equipes e no fortalecimento do controle social. O repasse será feito anualmente aos municípios que assinaram um termo de compromisso com o MDS. Cada administração municipal receberá a parcela correspondente e deverá aplicar os recursos em planos de ação voltados para o SUAS — sistema público responsável por organizar os serviços de proteção e apoio social no Brasil.