“Eu acredito, dependendo do regimento, que tenhamos voz e vez nas decisões em relação aos projetos, ações territoriais, ações compensatórias e reparatórias, principalmente.”
— Antônio Áureo, representante eleito das comunidades faiscadoras no Conselho Federal
A representatividade dos povos tradicionais do território de Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Chopotó avançou ainda mais. No último dia 14 de julho, uma reunião virtual conduzida pela Secretaria-Geral da Presidência da República definiu os novos representantes dos povos e comunidades tradicionais da Bacia do Rio Doce no Conselho Federal de Participação Social.
O encontro foi acompanhado pela Assessoria Técnica Rosa Fortini, faiscadores de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, além de garimpeiros do território de Acaiaca e Barra Longa. Durante o debate, os nomes de Antônio Áureo (Rio Doce) e Sérgio Fábio do Carmo (Barra Longa) foram escolhidos para representar os segmentos dos faiscadores e dos garimpeiros tradicionais. Povos indígenas e comunidades quilombolas elegerão seus representantes nos próximos dias.

Representatividade dos tradicionais
Na reunião para escolha dos representantes foi definido que Antônio Áureo e Sérgio do Carmo ocuparão, em revezamento, os cargos de titular e suplente no Conselho. A estratégia visa garantir que as duas comunidades tradicionais mantenham participação ativa nas decisões.
Juntos, os dois representantes vão levar as demandas dos povos tradicionais de toda a bacia do Rio Doce, buscando propor ações que possam atender e os anseios dessas comunidades.
À equipe da Rosa Fortini, Áureo reforçou a parceria de longa data com Sérgio, destacando a caminhada conjunta nas lutas por justiça e reparação. “Sérgio e eu temos um histórico de luta de dez anos juntos lá nas câmaras técnicas […]. A gente sempre teve muita parceria. O pensamento da gente comungava sempre”, reforçou.
Comunidades unidas pelo rio
Com a escolha de Antônio Áureo, o território de Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Chopotó passa a ocupar três cadeiras no Conselho. Além dele, Maria da Penha Rocha (da Comunidade Porto Plácido, em Santa Cruz) e José Márcio Lazarini (de Rio Doce) também foram eleitos como titular e suplente, respectivamente.
A presença desses representantes fortalece a participação da região em um espaço estratégico. É uma forma de garantir que as pautas locais, as prioridades das comunidades e a luta por reparação — ainda em curso após quase dez anos da tragédia — cheguem com mais força ao governo federal.
Antônio Áureo resumiu com sensibilidade o sentimento de coletividade que une as comunidades da região, mesmo diante de tantas perdas e desafios. “Eu costumo falar que o rio, em relação a Rio Doce, Santa Cruz e Chopotó, ele nos separa em águas, mas ele nos une nos mesmos propósitos, nas mesmas culturas, nas mesmas dificuldades, nas mesmas decepções”, conclui.
