Saberes que fortalecem a permanência no campo e valorizam a agricultura familiar, a cultura e os modos de vida rurais. É assim que as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), constroem uma educação conectada com a realidade das comunidades do campo.
As EFAs estimulam adolescentes e jovens a permanecerem em seus territórios, oferecendo formação técnica em agropecuária e agroecologia integrada ao ensino médio. Ao unir conhecimento, prática e identidade, as escolas ampliam as possibilidades de futuro e contribuem para o enfrentamento do êxodo rural.
Na região próxima aos territórios de atuação do Centro Rosa Fortini, essa experiência se concretiza por meio da EFA Paulo Freire, em Acaiaca, da EFA Jequeri e da EFA Camões, em Sem-Peixe. As Instituições de Acaiaca e Sem Peixe trabalham com o modelo de Ensino Médio integrado à formação técnica em agropecuária, possibilitando que adolescentes e jovens estudem sem precisar deixar o território, conciliando a vida escolar com a realidade das comunidades onde vivem. A EFA de Jequeri, no momento, trabalha somente com o modelo EJA – Educação de Jovens e Adultos, auxiliando na conclusão dos estudos.
As EFAs no fortalecimento do território
Saber que fortalece a permanência no campo, valoriza a agricultura familiar, a cultura e os modos de vida rurais. É assim que as EFAs constroem uma educação conectada com a realidade das comunidades do campo.
Uma das características principais das Escolas Famílias Agrícolas é a Pedagogia da Alternância, metodologia que alterna períodos de formação na escola com períodos vividos nas comunidades e nas propriedades familiares. Esse modelo permite que o aprendizado esteja diretamente ligado ao cotidiano das famílias, fortalecendo a identidade dos estudantes.
“A alternância serve exatamente para facilitar a vida do jovem. Participar das atividades rurais da sua família e também serve para poder incluir esse jovem numa forma de conhecimento que ele vai se interessar mais, já que ele vai estudar e trabalhar em coisas que ele gosta, que é a zona rural, que são as práticas agrícolas, que são os animais, a criação de animais.”
Manuela Pereira de Almeida Pinto, diretora na EFA Camões, em Sem Peixe/MG.
Essa proposta fortalece a agricultura familiar ao incentivar práticas sustentáveis, o manejo agroecológico e a melhoria da produção, impactando positivamente a economia local e a segurança alimentar.

As escolas também têm um forte caráter comunitário. Elas envolvem pais, mães e lideranças locais no cotidiano escolar, fortalecendo os vínculos comunitários e a participação social.

Uma experiência construída a partir da luta por educação no campo
As Escolas Famílias Agrícolas surgiram a partir da necessidade histórica das populações do campo por uma educação conectada à sua realidade, aos seus saberes e aos seus modos de vida. A primeira experiência nasceu na França, na década de 1930, e chegou ao Brasil nos anos 1960, ganhando força especialmente em regiões rurais e territórios camponeses.
No Brasil, as EFAs se consolidaram como uma alternativa à educação tradicional, muitas vezes distante da vida no campo. Organizadas pelas próprias famílias agricultoras, comunidades e movimentos sociais, essas escolas afirmam o direito à educação sem romper os vínculos dos estudantes com a terra, o trabalho, a cultura e o território onde vivem. Mais do que formar estudantes, as EFAs formam sujeitos comprometidos com seus territórios, com a defesa da vida no campo, da soberania alimentar e dos modos de vida tradicionais.

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Texto: Nane Camargos e Thalita de Oliveira


