Construção coletiva de critérios de Tradicionalidade é iniciada em Rio Doce

Publicado em: 31/10/2018

Dinâmica da teia é realizada durante os trabalhos (Patrícia Castanheira/Centro Rosa Fortini)

Começaram nesta semana os trabalhos da Construção Coletiva de Povos e Comunidades Tradicionais realizados pela Comissão de Atingidos de Rio Doce, com apoio da Assessoria Técnica Rosa Fortini. Foram feitas, neste primeiro momento, reuniões com moradores da cidade: bairros Graminha e Perobas, e da comunidade rural Marimbondo.

O objetivo dos encontros é iniciar o trabalho de construção dos critérios, de forma coletiva, visando à inclusão no Auxílio Financeiro Emergencial (AFE) dos nomes das pessoas que perderam renda (várias categorias e tradicionais). “Os conceitos de Tradicionalidade parecem distantes porque antes não tinham a necessidade de conversar sobre o assunto, mas agora será importante”, explica a antropóloga Amaralina Fernandes.  


Antropóloga Amaralina Fernandes realiza dinâmica (Patrícia Castanheira/Centro Rosa Fortini)

 

Dinâmica

 

Na primeira reunião, realizada na segunda-feira (29), a equipe da Assessoria Técnica Rosa Fortini realizou uma dinâmica e solicitou que cada participante ilustrasse a árvore genealógica de sua família e o significado do rio Doce.  

“Iniciamos com essa dinâmica para que todos possam refletir sobre o trabalho coletivo. Através dos desenhos, os atingidos poderão pensar sobre suas origens, o pertencimento, o laço que cada família tem com a região. Também poderão narrar um pouco do que vivem no local”, afirma a antropóloga.


Grupos realizam desenhos (Patrícia Castanheira/Centro Rosa Fortini)

 

Para Mônica Aparecida de Oliveira Silva, agente de Saúde, “o cadastro foi feito às pressas na primeira vez. Hoje, as pessoas estão conhecendo mais seus direitos e têm o apoio da assessoria. A Comissão está procurando ajudar a todos”.

Já com os desenhos e as narrativas prontos, alguns participantes apresentaram os resultados para o grupo. “Me lembro quando a água era saudável, cheia de vida, onde íamos pescar, nadar e acampar. Podíamos comer os peixes tranquilos, sem medo de contaminação. O Rio representava alegria, diversão. Hoje, sinto muitas saudades daquela época”, contou Romário Neves da Silva, ajudante de Forjador.


Romário Neves da Silva relata lembranças do Rio (Patrícia Castanheira/Centro Rosa Fortini)
 

“Não vemos nada de bom na Fundação Renova. São três anos de enrolação. Pelo contrário, só causou mais danos. Estão muito preocupados em retirar lama dos 400 metros próximos à barragem da UHE Candonga, mas e o restante do Rio? Hoje, não temos como faiscar, pescar e nadar. Queremos ver o que eles vão deixar para nossos filhos, o que vão implantar aqui para dar condições para o nosso futuro”, ponderou Sebastião Silvio de Oliveira, Tininho.


Maria Eduarda lê o texto para o grupo (Patrícia Castanheira/Centro Rosa Fortini)

 

A estudante Maria Eduarda Tenório da Silva, de 10 anos, leu o texto que produziu durante a reunião, “O que significava o Rio para nós? Era nosso pai. Tudo de bom! A pesca, a faiscação, areia e cascalho de boa qualidade, e momentos de lazer. Tínhamos a visão de vários pescadores que hoje não existem”.


Desenho da estudante Maria Eduarda, de 10 anos, sobre o Rio Doce (Patrícia Castanheira/Centro Rosa Fortini) 

Confira o cronograma das próximas datas:

 

(Reportagem escrita pela Equipe de Comunicação da Assessoria Técnica Rosa Fortini)


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